domingo, 20 de março de 2011

 Cerca de 180 trabalhadores da usina de Jirau desembarcaram neste domingo no aeroporto de Belém (PA), após os confrontos que ocorreram nos últimos dias na construção no rio Madeira, em Porto Velho (RO).

Depois de mais de duas horas de viagem em um voo fretado, a maioria ainda pegou um dos ônibus e micro-ônibus cedidos pela construtora Camargo Corrêa até chegar às cidades natais, no interior paraense.

Segundo a empreiteira, mais de 7.000 trabalhadores que estavam em Rondônia já voltaram para seus Estados. Outros 500 devem partir até esta segunda-feira (21).

Em Belém, os operários saíram pelo desembarque dos voos internacionais, separados de quem chegava de viagens domésticas no mesmo horário. Assim que pegavam a bagagem, eram direcionados para formar grupos de acordo com o novo destino.

A organização transcorreu sem maiores problemas, mas houve reclamações sobre o pagamento da passagem de volta.

Dois trabalhadores que não se identificaram disseram à Folha que não teriam ônibus até a cidade deles. Falaram que pagariam a viagem com parte dos R$ 100 dados pela construtora a todos os funcionários.

Procurada, a empresa disse que todos tinham transporte até suas cidades de origem.

PRECONCEITO

Outro paraense ouvido pela reportagem, que também não se identificou, disse que espera voltar ao trabalho daqui a três meses.

Ele reclamou do modo como os colegas foram tratados em Porto Velho, sempre escoltados por policiais e com olhar temeroso de moradores.

Quando o grupo chegou ontem ao aeroporto em Rondônia, segundo ele, lojistas fecharam as portas com medo de saques.

HISTÓRICO

Os conflitos em Jirau, no norte do país, começaram na terça-feira (15), depois que uma briga entre funcionários da usina provocou incêndios e destruição no canteiro de obras da hidrelétrica, que abriga 20 mil funcionários e é a maior obra em construção atualmente no país.

Na sexta (18), trabalhadores relataram, em reunião com representantes dos Ministérios Públicos Estadual, Federal e do Trabalho, que sofriam "violência física" por parte de funcionários da Camargo Corrêa e que eram obrigados a comprar produtos a preços exorbitantes no canteiro da obra.

Outras queixas relatadas foram em relação a critérios do programa de participação nos lucros implantado pela empresa e a não concessão, pela construtora, das folgas concedidas a cada quatro meses de trabalho.

A assessoria da Camargo Corrêa disse que a empresa se mantém "aberta para dialogar com os sindicatos", embora diga não haver "registro de nenhuma reivindicação trabalhista".

A Justiça do Trabalho instalou na quinta-feira (17) uma vara itinerante no canteiro de obras de Jirau para atendimento e análise das reivindicações dos trabalhadores.
 
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Fonte: Folha de São Paulo

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